Buenas... Escutando "Santa Helena da Serra" (de
José Luiz Vilela e Rui Biriva), lembro-me bem de como eu estava há quase três
anos... As analogias que me ocorrem são muitas...
Eu não saí de Santa Helena...e nem viajei de trem... mas saí
de Santiago e peguei o primeiro ônibus da linha... que partiu de manhãzinha...
levei a mala e a certeza de que tudo era melhor... Não vou citar nomes, mas a
história foi bem diferente do que eu esperava... Fui para um lugar pequeno... E
embora existam exceções por lá, é um lugar de pessoas de coração pequeno
também...e de cabeça menor ainda... E quando eu andava pelas ruas da cidade,
sozinho, também doía uma saudade que aqui não doía, não... Eu fui acolhido por
quem eu já esperava que iria me acolher, mas não exatamente como imaginava...
Um amigo me estendeu a mão (e serei eternamente grato a ele), mas mesmo assim
eu estava em um lugar incerto pra mim, com dúvidas, inseguranças e sem saber
ONDE eu ia comer no outro dia... O QUE eu ia comer no outro dia...e às vezes,
SE eu ia comer no outro dia... literalmente, eu não conhecia meu
"amanhã"...parece exagero, mas não foi uma nem duas vezes que fiquei
sem almoço e sem janta... e minha mãe nem imaginava isso... eu passava a imagem
e as palavras de que estava tudo bem... e aqui continua tocando a canção de
Santa Helena... e eu lembro que deixei “situações conturbadas” quando fui, mas
essas “situações” não me deixaram, e logo houve outra “situação”... e tudo se
confundiu...
Havia um grupo musical... e um escritório de advocacia onde
fui trabalhar... eu me relacionava com pessoas boas...e também com várias nem
tão boas assim... muitas demonstravam um olhar claro de que queriam apenas
explorar minhas capacidades, e eu sempre soube disso; porém, eu dependia do
pouco que recebia em troca de meu trabalho, na época tão desvalorizado... Eu
tinha meu computador, repleto de Música, tinha meu violão, minha bateria, minha
coleçãozinha de elefantes de porcelana e de plástico em cima da penteadeira,
minha cama, minhas roupas, meus troféus e a proteção de Deus e de Nossa Senhora
Consoladora, sempre comigo no meu escapulário e na minha "casa", me
olhando em forma de imagem de gesso e de meu quadro com Seu olhar sereno... e
fui concluindo lentamente e dolorosamente que eu precisava voltar... que embora
houvesse acumulado experiência, talvez fosse melhor eu nem ter ido... eu tocava
e cantava com uma energia inesgotável, eu estava com sede, havia muita espera
sobre ver e ouvir meu trabalho e graças ao dom que Deus me deu, eu superei
todas as expectativas... mas eu estava me sentindo sozinho como nunca senti...
minha pequena família estava (e está) geograficamente separada, e eu era o
único que estava em condições de "reunir" dois dos
"pedaços"... e eu sou da fronteira como as ovelhas... e sou gregário
como as ovelhas... eu preciso andar em BANDOS, ou pelo menos me sentir assim...
e minha BANDA não era um BANDO... e eu precisava me BANDEAR... pra BANDA das
coisas que me puxavam... "vou embora, vou embora... vou partir na mesma
hora"... e decidi voltar...e peguei o primeiro "trem" da
linha... que partiu de manhãzinha... e voltei... e aqui continua tocando
"Santa Helena da Serra"... e vai continuar tocando por muito tempo...
principalmente aqui dentro...
Jhou Batera
//
Cabeludo
Jhonata
Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário