terça-feira, 22 de novembro de 2016

Sartori anuncia medidas "duras" para combater crise financeira


O governador José Ivo Sartori foi taxativo ao lançar o projeto “Um novo Estado, um novo futuro”, com medidas e decretos para combater a crise financeira do Rio Grande do Sul: “trago medidas duras”, afirmou logo no início de seu discurso. Sartori garantiu que as mudanças serão feitas com base em “escolhas difíceis, decisões firmes e esforços redobrados” e que assim como são novas, também são resultado dos trabalhos iniciados no primeiro dia de governo.

Ao defender que este é o momento exato para promover o que chamou de modernização do Estado, o governador comentou que os maiores desafios encontrados são o financeiro e o de gestão. “Gastamos mais do que arrecadamos, e por isso não conseguimos cumprir até mesmo as obrigações mais essenciais. Nossa máquina estatal, acumulou focos de ineficiência e paralisia”, avaliou.

Em seguida, Sartori comentou a crise nas finanças no Rio Grande do Sul e crise econômica brasileira, criticando modelos de gestão e destacando que não se faz justiça social sem equilibrar as contas públicas”. “É uma crise estrutural, de um setor público defasado, ultrapassado, que se retroalimenta e não enxerga mais as pessoas. A estrutura do Estado deve servir para a sociedade e não servir-se dela”, afirmou.

O governador citou que desde que assumiu já fez decretos para contenção de gastos, enquanto “muitos ainda não acreditavam na crise”. “Nosso governo foi à luta”, disse ao falar de uma série de medidas tomadas para tentar vencer a crise, mas também assegurando que, apesar de importante, ainda não foi suficiente se considerar o deficit acumulado para os próximos anos. Em função disso, que é preciso enfrentar a situação de calamidade das finanças com ações e medidas concretas, mas que será preciso dar continuidade para muito além do atual governo. "Não será um homem só, um governo só, nem uma equipe só que resolverá isso. É uma questão de Estado, de toda a sociedade gaúcha".

Neste sentido, Sartori comentou que o plano de recuperação das finanças públicas revela medidas de curto, médio e longo prazo que priorizam áreas que o governo deverá cuidar: saúde, segurança, educação, infraestrutura e área social. "Dois princípios fundamentais guiaram o nosso comportamento: que os custos da recuperação do setor público devem ser partilhados entre todos os setores da sociedade e muito especialmente pelo próprio aparato estatal e que os benefícios nessas mudanças gradativas devem ser distribuídos para toda a sociedade, especialmente para os setores mais desfavorecidos. E todo o recurso adicional poupado ou adquirido por meio de receitas extras será destinado à melhoria do atendimento à população nas áreas essencias", resumiu.

Antes de encerrar, Sartori apresentou um breve resumo das propostas, frisando que “se essas medidas não forem aprovadas, não teremos como garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário gaúcho”. Conforme ele, na área de segurança, as mudanças buscam aumentar a permanência de oficiais e o efetivo nas ruas. Já no ajuste fiscal, explicou que a proposta é que os demais poderes também participem por meio de regras mais justas e realistas. “Não concordo com todas as ideais de Margaret Thatcher, mas ela estava certa quando disse: 'Não existe dinheiro público, existe apenas dinheiro dos pagadores de impostos e das famílias'”, comentou, aplaudido pelos presentes.

Ao falar que um novo Estado exige mudanças em todos os poderes e instituições, Sartori também falou que os sacrifícios compartilhados incluem o empresariado, mas que ações serão feitas de maneira dialogada, preservando a competitividade do setor produtivo gaúcho. Já na área do funcionalismo público, ressaltou que a proposta é fazer um calendário escalonado, pagando primeiro quem ganha menos. “É algo que eu sempre quis fazer, mas sempre fui impedido por dezenas de decisões judicias”, contou.

Para encerrar, Sartori ressaltou que para o calendário ser cumprido, será apresentado todas as medidas apresentadas. “Não mudaremos essa realidade divididos, mas muito unidos e solidários. É um dia histórico para o Rio Grande do Sul. Sei que as medidas propostas vão exigir novos comportamentos, mas se ficarmos parados pagaremos um preço muito mais alto nos próximos anos. A semeadura é trabalhosa, mas a colheita depende da semeadura. Hoje nós estamos plantando mais uma semente de futuro. A esperança se renova”, concluiu.
Fonte:Correio do Povo

Nenhum comentário: