terça-feira, 7 de março de 2017

JHONATA ALMEIDA: "Momento Musical"

Buenas!
No “Momento Musical” de hoje, compartilho as lembranças de um garoto de 15 anos que estava prestes a tocar seu primeiro baile...

Eu já tinha alguma experiência de palco... Tinha feito participações de meia hora em alguns bailes...  Sabia que quando eu sentasse à bateria eu precisava revisar as distâncias do pedestal do hi-hat, da caixa, dos pratos... Dar uma olhada no estado das baquetas e colocar algumas como reservas ali por perto... Já tinha desenvolvido a mania de tocar descalço... Mas um baile inteiro, era a primeira vez que eu ia tocar... Cinco horas, eu ia acompanhar TODAS as músicas...Tinha vaneira, xote, chamamé, valsa, bandinha, milonga, bugio...E era tudo comigo...

O baile era no Carovi (interior de Santiago)...Acabei não me pilhando a rigor, não era necessário: botas, bombacha, um blusão e jaqueta (era muito frio, o baile aconteceu num sábado, dia 16 de junho de 2001). Conferi as baquetas (falquejadas de modo caseiro, feitas de cedro), peguei a folha de papel que eu usava nos ensaios, com a ordem das músicas a serem tocadas (e eu achando que aquela ordem seria mesmo seguida...), apresilhei bem as botas e fui. Nosso veículo era um caminhão de três lugares. Dois dos componentes do grupo foram antes (éramos 5), portanto fomos em quatro contando com o motorista, que também era responsável por cuidar de parte do som. Quando cheguei, vi a bateria já montada (uma Pinguim muito velha, sem peles de resposta nos tons e no surdo, e meu único prato era um condução com parafusos pregados para mudar o som)... Era um palco alto, estávamos numa espécie de clube ou associação, faltava mais ou menos uma hora pro baile e já havia umas quinze pessoas lá dentro. Até a hora do baile, esse público triplicou (ooohhhhhh...eu iria tocar pra quase 50 pessoas meu primeiro baile), e fomos para o palco. Ajuste daqui, ajuste dali, eu não estava nervoso. Não sou de ficar nervoso. Eu estava ansioso. Queria começar de uma vez. E comecei. Minha primeira canção da vida de bailes foi “Missioneiro”, do Tio Bilia. E eu fui me soltando. E notei algo estranho...Eu não havia tirado as botas! Quando terminou a primeira música, já foi emendada a segunda e depois a terceira, e eu já sentia minhas panturrilhas formigarem. Depois de “segurar a barra”, veio a hora do “boa noite”, e eu tirei as botas. Que alívio!

Erros daqui, alguns ataques fora de tempo dali, e toquei todo o baile. Quando acabou, eu tinha gás pra mais duas ou três horas. Resolveram dar uma carona para alguém na volta, e sobrou pra quem voltar na carroceria? Pra mim. Retornei a céu aberto, vendo a lua e a estrelas, pensando em tudo que eu tinha feito e concluindo que “havia me tornado Músico”, ahhahahahahahaha! Finalmente! Eu toquei um baile! De tão feliz, só às vezes eu “lembrava” de tremer de frio (estava geando, cinco e pouco da manhã, eu abraçado numa caixa de som que perigava cair)...

Por tocar esse baile eu ganhei R$ 30,00; lembro que na segunda-feira comprei um moletom do Fido Dido por R$ 24,00, que guardo até hoje. Que momento!
Cabeludo
Jhou Batera //

Jhonata Almeida

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