Buenas!
No “Momento Musical” de hoje, compartilho as lembranças de um
garoto de 15 anos que estava prestes a tocar seu primeiro baile...
Eu já tinha alguma experiência de palco... Tinha feito
participações de meia hora em alguns bailes...
Sabia que quando eu sentasse à bateria eu precisava revisar as
distâncias do pedestal do hi-hat, da caixa, dos pratos... Dar uma olhada no
estado das baquetas e colocar algumas como reservas ali por perto... Já tinha
desenvolvido a mania de tocar descalço... Mas um baile inteiro, era a primeira
vez que eu ia tocar... Cinco horas, eu ia acompanhar TODAS as músicas...Tinha
vaneira, xote, chamamé, valsa, bandinha, milonga, bugio...E era tudo comigo...
O baile era no Carovi (interior de Santiago)...Acabei não me
pilhando a rigor, não era necessário: botas, bombacha, um blusão e jaqueta (era
muito frio, o baile aconteceu num sábado, dia 16 de junho de 2001). Conferi as
baquetas (falquejadas de modo caseiro, feitas de cedro), peguei a folha de
papel que eu usava nos ensaios, com a ordem das músicas a serem tocadas (e eu
achando que aquela ordem seria mesmo seguida...), apresilhei bem as botas e
fui. Nosso veículo era um caminhão de três lugares. Dois dos componentes do
grupo foram antes (éramos 5), portanto fomos em quatro contando com o
motorista, que também era responsável por cuidar de parte do som. Quando
cheguei, vi a bateria já montada (uma Pinguim muito velha, sem peles de
resposta nos tons e no surdo, e meu único prato era um condução com parafusos
pregados para mudar o som)... Era um palco alto, estávamos numa espécie de
clube ou associação, faltava mais ou menos uma hora pro baile e já havia umas
quinze pessoas lá dentro. Até a hora do baile, esse público triplicou
(ooohhhhhh...eu iria tocar pra quase 50 pessoas meu primeiro baile), e fomos
para o palco. Ajuste daqui, ajuste dali, eu não estava nervoso. Não sou de
ficar nervoso. Eu estava ansioso. Queria começar de uma vez. E comecei. Minha
primeira canção da vida de bailes foi “Missioneiro”, do Tio Bilia. E eu fui me
soltando. E notei algo estranho...Eu não havia tirado as botas! Quando terminou
a primeira música, já foi emendada a segunda e depois a terceira, e eu já
sentia minhas panturrilhas formigarem. Depois de “segurar a barra”, veio a hora
do “boa noite”, e eu tirei as botas. Que alívio!
Erros daqui, alguns ataques fora de tempo dali, e toquei todo
o baile. Quando acabou, eu tinha gás pra mais duas ou três horas. Resolveram
dar uma carona para alguém na volta, e sobrou pra quem voltar na carroceria?
Pra mim. Retornei a céu aberto, vendo a lua e a estrelas, pensando em tudo que
eu tinha feito e concluindo que “havia me tornado Músico”, ahhahahahahahaha!
Finalmente! Eu toquei um baile! De tão feliz, só às vezes eu “lembrava” de
tremer de frio (estava geando, cinco e pouco da manhã, eu abraçado numa caixa
de som que perigava cair)...
Por tocar esse baile eu ganhei R$ 30,00; lembro que na
segunda-feira comprei um moletom do Fido Dido por R$ 24,00, que guardo até
hoje. Que momento!
Cabeludo
Jhou Batera //
Jhonata Almeida
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